quinta-feira, 5 de março de 2015

Dirt.

Minhas mãos tremiam enquanto as gargalhadas dela ecoavam pela casa. A falta de autocontrole me possuía novamente e de forma intensa. Minha raiva era sua diversão, a minha infelicidade a fazia feliz. Um rosto tão angelical e uma personalidade barulhenta fez-me apaixonar por alguém que se alimenta do caos. Loira, olhos azuis e no seu sorriso ainda havia traços de uma infância perturbada. Pele pálida e um olhar intenso a marcavam. Esta era Lola, a maldita puta que me acorrentou neste inferno de dor e tristeza. Eu a amava demais, mais do que a odiava. O problema era este. Ela me possuía.

No começo tudo parecia tão certo e eu não me lembro como aconteceu ou quando começou. Eu tentei fugir e tentei me esconder do errado mas ela me enganou e me prendeu em seu próprio jogo.

Era uma manhã fria e gritos começaram a correr pela sala. Lola gritava comigo novamente de forma frenética e exaustiva. Eu e a joguei na parede, cego pelo ódio, ela pareceu gostar. 

“Eu quero sentir o gosto da pistola em minha boca, em minha língua, em minha garganta. Venha até mim, Lola. Me rasgue na parede e veja a loucura fluir, veja quão louco você me fez. Você é especial, Lola. Sempre fazendo eu me sentir como nada, apenas sujeira. Use seu talento e me enterre em sua sujeira, Lola.”

Em seu sorriso havia sangue e maldade, até loucura. Ela me beijou e então saiu, gargalhando, feliz por ter conseguido o que queria.

Mas ela não me faria seu escravo novamente. Naquele momento vi que estava pronto para ganhar o jogo dela.

Corri pela casa e a puxei pelos cabelos, levei-a na sala novamente, rasguei suas roupas e a tracei em mim. Ela chorava e ria, perturbada e excitada.

A segurei pelo pescoço e a virei pra mim, coloquei a pistola em sua boca.

“Sinta o gosto da pistola em sua boca, em sua língua, em sua garganta. Eu irei te rasgar na parede, veja a loucura fluir, veja o quão louca eu irei te deixar. Você é especial, Lola. Irei usar de teu talento e te enterrar em tua própria sujeita. Eu te amo, Lola.”

Em seus olhos não havia piedade e nem desespero. Notei que seu olhar era vazio. Quando ela riu senti que era o momento, puxei o gatilho e dei adeus a Lola e a mim mesmo.

Hoje sou livre atrás dessas grades.

Eu ainda te amo, Lola.









- Ana Carolina Oliveira.

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