sexta-feira, 10 de outubro de 2014

1:41 p.m.

Não aceitei o conformismo imposto sobre a vida. Espírito agitado e louco, espírito livre.
Cansado de esperar por liberdade. Triste vida de cidade grande seguindo a mesma rotina: trabalho e estudo, tudo girando em torno de dinheiro.
Perdido em minhas coisas encontrei um livro antigo, com páginas amareladas e algo nele me chamou atenção e peguei para ler um pouco e notei o quão magnífico era a história contada naquelas folhas antigas.
No início da leitura me questionei: “por que esse livro me chamou atenção só agora? Tanto tempo perdido no meio de minha bagunça...”
Ao final do livro percebi que ele foi a chave para minha consciência, para minha liberdade.
Através dele descobri que não precisava esperar que outras pessoas me libertassem, que eu era o único com poder o suficiente para isso.
E vi que descobrir aquele simples livro naquele momento era meu destino. Se eu o tivesse descoberto antes não teria o mesmo significado para mim. Eu precisava dele naquele momento. Nem um minuto antes e nem um minuto depois.
Num impulso decidi ir embora, fazer tudo que eu queria fazer. Ver o mundo, conhecer pessoas, conhecer lugares, conhecer cultura, conhecer amor.
Fiz as malas e peguei só o essencial. Sem despedidas e sem choro. Subi naquele ônibus e minha primeira parada foi o paraíso brasileiro dos loucos: São Tomé das Letras – MG.
Parado em frente a pousada respirei o doce ar da liberdade. Era como a realização de um sonho.
Descansei da viagem e saí para explorar. Era como um mundo totalmente distante. Tão diferente. Uma grande loucura.
Em cada ponto da cidade se encontrava diferentes estilos. Pessoas alegres vivendo livres.
A lua banhava a praça e as moças sorridentes dançavam, bebiam e riam, felizes.
Ao cair da madrugada na pirâmide experiências psicodélicas e notas calmas saíam do violão, todos em silêncio e o corpo sendo abraçado pela música.
Pela primeira vez na vida senti que estava no lugar certo.
Com o passar dos dias senti um pesar no peito, uma saudade. Não de casa, mas de pessoas que eu havia deixado para trás. Mas naquele momento minha felicidade se sobrepunha na saudade.
A ignorei por semanas. Mas ela voltou a pesar, e acabou se sobrepondo em minha felicidade e eu percebi que era hora de voltar para casa e fazer algo que deveria ter feito desde o início: me despedir. Eu devia isso há algumas pessoas e não seria totalmente livre se não o fizesse.
Então notei que somos livres a partir do momento em que abandonamos nossas memórias. Com elas sempre seremos aprisionados a algo.

E eu queria a liberdade.






- Ana Carolina Oliveira.