Minhas mãos tremiam enquanto as gargalhadas dela ecoavam pela casa. A falta de
autocontrole me possuía novamente e de forma intensa. Minha raiva era sua
diversão, a minha infelicidade a fazia feliz. Um rosto tão angelical e uma
personalidade barulhenta fez-me apaixonar por alguém que se alimenta do caos.
Loira, olhos azuis e no seu sorriso ainda havia traços de uma infância
perturbada. Pele pálida e um olhar intenso a marcavam. Esta era Lola, a maldita
puta que me acorrentou neste inferno de dor e tristeza. Eu a amava demais, mais
do que a odiava. O problema era este. Ela me possuía.
No começo tudo parecia tão certo e eu não me lembro como
aconteceu ou quando começou. Eu tentei fugir e tentei me esconder do errado mas
ela me enganou e me prendeu em seu próprio jogo.
Era uma manhã fria e gritos começaram a correr pela sala.
Lola gritava comigo novamente de forma frenética e exaustiva. Eu e a joguei na
parede, cego pelo ódio, ela pareceu gostar.
“Eu quero sentir o gosto da pistola em minha boca, em
minha língua, em minha garganta. Venha até mim, Lola. Me rasgue na parede e
veja a loucura fluir, veja quão louco você me fez. Você é especial, Lola.
Sempre fazendo eu me sentir como nada, apenas sujeira. Use seu talento e me
enterre em sua sujeira, Lola.”
Em seu sorriso havia sangue e maldade, até loucura. Ela
me beijou e então saiu, gargalhando, feliz por ter conseguido o que queria.
Mas ela não me faria seu escravo novamente. Naquele
momento vi que estava pronto para ganhar o jogo dela.
Corri pela casa e a puxei pelos cabelos, levei-a na sala
novamente, rasguei suas roupas e a tracei em mim. Ela chorava e ria, perturbada
e excitada.
A segurei pelo pescoço e a virei pra mim, coloquei a
pistola em sua boca.
“Sinta o gosto da pistola em sua boca, em sua língua, em
sua garganta. Eu irei te rasgar na parede, veja a loucura fluir, veja o quão
louca eu irei te deixar. Você é especial, Lola. Irei usar de teu talento e te
enterrar em tua própria sujeita. Eu te amo, Lola.”
Em seus olhos não havia piedade e nem desespero. Notei
que seu olhar era vazio. Quando ela riu senti que era o momento, puxei o
gatilho e dei adeus a Lola e a mim mesmo.
Hoje sou livre atrás dessas grades.
Eu ainda te amo, Lola.
- Ana Carolina Oliveira.