quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Adormecida - 15:52.

Embriagada por meus próprios sentimentos encontrei-me em um lugar fora da zona de conforto que criei para mim mesma.

A segurança causada pela embriagues já se esvaia do meu corpo, a realidade caia sobre meus pensamentos. Minha mente se desesperava, buscando novamente a zona de conforto. Meu corpo sentia a ansiedade causada pelo medo.

Eu sentia, no fundo da alma, a vontade de voltar para casa.

Durante a embriaguez eu senti a necessidade de modificar minha solidão, transformar meu eu singular em um eu plural. Mas minha alma, cansada, só quer voltar para casa.

Não sinta pena por mim. Só me leve para casa, junto com a minha solidão e minha singularidade. Eu estou assustada e preciso estar sozinha.


Acalma-me e se despeça de mim, e não volte. Estarei sozinha, me despedaçando em minha solidão.

terça-feira, 5 de julho de 2016



Inúmeras personalidades dentro de um único corpo.
Poderia ser meu eu real, ou apenas imaginário?
Estaria eu imaginando todas essas outras personalidades vivas dentro de mim?
Seria meu eu capaz de se desdobrar de várias formas?
O meu eu é variável, é mutável?
O que eu sou?
Quem sou eu?
Imprevisível?
Previsível?
Louca?
Aflita?
Rasgue-me.
Liberte-me.
Deixe-me vazar cada centímetro do meu eu para fora.
Não sei se sou uma ou várias.
Não há certezas.
A única certeza é:
Se há vários ou apenas um eu não sei afirmar, hoje posso me firmar um e amanhã posso me firmar quatro...
Mas, independente de um, quatro ou milhares, preciso que me ponham no mundo.
Meu eu é livre.

Sou mundana, vou mudando, conforme o mundo muda.





- Ana Carolina Oliveira.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

“Não fume, não beba, não viva, não ouse sonhar.”


Boteco ou botequim são termos oriundos do português de Portugal botica, e do espanhol da Espanha bodega, que por sua vez derivam do grego apothéke, que significa depósito, casa de bebidas ou loja em que se vendiam gêneros a retalho. Essa é a definição encontrada nos dicionários, mas cada um de nós carrega uma definição própria para esse lugar.

Alguns os veem como um segundo lar, outros só pensam na quantidade de álcool que podem ingerir gastando “x” quantia. Mas o boteco de qualquer forma será sempre cômodo para alguém, desde o senhor da rua acima que o frequenta há anos até o adolescente que quer bebida barata em um lugar tranquilo onde possa dar calorosas gargalhadas.


Se há um lugar onde se encontram inúmeras histórias de encontros e desencontros é o boteco. Cada parede e detalhe imposto tem um motivo, um sentimento por trás. O rabiscado na mesa com o nome de um casal apaixonado, as manchas de copo no balcão daqueles que sentaram próximo ao barman para lhe contar sua triste história, as rachaduras na parede que foram o resultado de uma briga, a mesa torta por algum torcedor nervoso de futebol, bitucas de cigarro perdidas nos cinzeiros ou escondidas no vaso mais próximo, tudo isso é uma história que se sente viva em cada boteco que se entre, seja naquele próximo a sua casa ou aquele que você achou acidentalmente durante uma viagem.

O Boteco é uma poesia para os loucos de amor e para os solitários. E eu, ah, eu respiro poesia.




- Ana Carolina Oliveira.