terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Albert DeSalvo: inocente ou culpado?

Albert DeSalvo, conhecido como o Estrangulador de Boston, nasceu em 3 de Setembro de 1931, em Chelsea, Massachusetts (EUA). Filho de Frank e Charlotte DeSalvo.

Criado dentro de uma família problemática, seu pai Frank era um alcoólatra de hábitos violentos. Espancava a esposa Charlotte chegando a ponto de lhe quebrar todos os dentes, dobrar todos seus dedos da mão para trás até quebra-los. Forçava seus filhos a vê-lo tendo relações sexuais com prostitutas. Mais tarde, Albert declarou que seu pai também lhe quebrou todos os dedos da mão obrigando sua mãe a assistir.

Frank abandonou a esposa que anos mais tarde casou-se novamente.
Albert e sua irmã chegaram a ser vendidos como escravos a um agricultor no Maine por cerca de 9 dólares. Mais tarde fugiram e voltaram para casa onde o pai, Frank, começou a ensinar e a incentivar Albert a roubar.

Com apenas 12 anos Albert foi preso por roubo, em Novembro de 1943. E em Dezembro foi mandado a uma escola de recuperação para meninos, Lyman School. Quase um ano mais tarde, em Outubro de 1944, conseguiu sua liberdade condicional e começou a trabalhar como entregador.

Albert, considerado um delinquente sexualmente perturbado, aos 17 anos se alistou no exército e foi enviado para a Alemanha, servindo por 8 anos.
A vida militar parecia se encaixar com DeSalvo.

O jovem soldado acabou desenvolvendo um apetite sexual voraz, chegando a ter relações com duas mil mulheres durante sua atuação como policial militar na Alemanha. DeSalvo era um homem sexualista, com desejos sexuais insaciáveis, chegando até a se masturbar todos os dias, várias vezes.

Ainda na Alemanha, Albert conheceu Irmgard Beck, com quem se casou e teve dois filhos. Albert era considerado um bom pai, trabalhador e dedicado.  
Com a dispensa honrosa, DeSalvo voltou para a América.

Em 1955 chegou a ser acusado de ter molestado sexualmente uma garota de 9 anos, porém conforme o caso avançava, a mãe retirou a queixa. Dentro desse período, DeSalvo começou a ter problemas sexuais com sua esposa, exigindo relações sexuais de 5 a 6 vezes por dia, e quando ela o negava, havia brigas e discussões. Com o nascimento do primeiro filho em 1958 as questões pioraram com sua esposa e houve problemas financeiros também, o que levou Albert a sua antiga vida de pequenos furtos. Acabou sendo preso duas vezes por arrombamento e recebeu suspensão da sentença.
DeSalvo era especialista em arrombar e invadir propriedades. Chegou a dizer que entrou em todos os apartamentos da Charles Street, que fica numa das melhores áreas de Boston. Era mestre na arte de entrar e sair de prédios.

Em 1960 o apetite sexual insaciável de Albert o levaria a cometer novos crimes.
DeSalvo começou batendo nas portas das mulheres e dizia que trabalhava numa agência de modelos e que estava atrás de um certo tipo que era igual ao delas (ele adaptava as características de acordo com a mulher que abria a porta). Logo em seguida ele pedia a elas que vestisse um collant para que ele pudesse tirar as medidas, o que chegou a causar comoção na época. Ele chegou a ter relações sexuais com muitas dessas mulheres, algumas não gostavam e reclamavam, outras já não. Mas sem os contratos de modelo, as mulheres começaram a dar queixa desses estranhos ataques sexuais.
A polícia apelidou esse agressor sexual como “o homem das medidas”
.
Em 1961, Albert DeSalvo foi preso por invasão a domicílio e chegou a admitir ser o homem das medidas. Diagnosticado como sociopata foi enviado para a prisão.
Onze meses depois de sua liberdade uma onda de assassinatos aterrorizaria a cidade de Boston.

14 de Junho de 1962, Anna Selessers, de 55 anos, foi a primeira vítima do Estrangulador de Boston. Seu corpo nu foi encontrado próximo ao banheiro. O assassino a estrangulou com o cinto de seu roupão azul.

Em 30 de Junho Nina Nichols de 68 anos foi estrangulada com uma meia de náilon. Ela havia sido estuprada com uma garrafa de vinho.

Em Julho houve uma terceira vítima, Helen Blake de 65 anos, que morava um pouco mais ao norte. Helen foi estrangulada com uma meia de náilon e seu corpo foi encontrado de bruços na cama, com as pernas abertas e nua da cintura para baixo e um sutiã amarrado em volta de seu pescoço. Helen também havia sido estuprada. Sua vagina e ânus foram dilacerados mas sem vestígios de espermatozoide.

A quarta vítima, Ida Irga, 75 anos, havia sido estrangulada com uma fronha. O assassino a colocou em posição ginecológica com a ajuda de algumas cadeiras.

No dia seguinte a morte da Ida, foi descoberto o corpo em decomposição de mais uma vítima, Jane Sullivan, que foi estrangulada com sua própria meia de náilon.

De acordo com alguns criminologistas o assassino se orgulhava do que fazia, e o fato de ele não fazer questão em deixar suas vítimas em uma posição em que elas pudessem manter alguma dignidade mostra que ele queria expor os órgãos sexuais para que quem encontrasse suas vítimas comentasse depois, queria que a cena se tornasse impactante para quem as visse.

Dez semanas e cinco vítimas, mas esse caso está prestes a tomar uma nova direção que irá chocar Boston.

Em 5 de Dezembro de 1962 houve uma mudança no padrão dos crimes quando o Estrangulador de Boston matou Sophie Clark, uma mulher de 20 anos. Seu corpo foi encontrado por suas colegas de apartamento. Sophie havia sido estrangulada e foi encontrada com três meias de náilon amarradas em seu pescoço. Estava nua, deitada no chão, com as pernas abertas. Ela também havia sido violentada.

E ele volta novamente a mudar seu padrão. Patrícia Bissete, de 23 anos, morta na noite de ano novo, foi encontrada estrangulada em sua cama, coberta até o queixo, em vez da disposição usual. E ela havia sido sodomizada e estuprada.

Com um grande intervalo, em 6 de Maio de 1963, o assassino ataca novamente e com novas mudanças. Beverly Samans, 23 anos, foi apunhalada 22 vezes (4 facadas na garganta e 18 no peito esquerdo) e estrangulada com dois lenços no pescoço.

Em 8 de Setembro pareceu restaurar seus padrões quando assassinou Evelyn Corbin, de 58 anos. Foi encontrada estrangulada e violentada. Mas o assassino retornou as suas vítimas jovens estrangulando Joann Graff, de 23 anos, e deixando em seu peito várias marcas de mordida.

4 de Janeiro de 1964, Marry Sullivan, de 19 anos, foi encontrada pelas amigas sentada em sua cama, com as pernas abertas e um cabo de vassoura na vagina, estrangulada com um cachecol.

Essa foi a última vítima do Estrangulador de Boston.
Depois dessa sequência chocante de assassinato, a polícia teve que enfrentar uma onda de estupros.

Muitas mulheres afirmavam terem sido estupradas de forma bizarra e chocante.
O estuprador amarrava suas vítimas na cama e as violentava, e ele vestia-se com um macacão verde, tendo sido apelidado de “o homem verde”. Ele dizia as suas vítimas que não iria machuca-las, embora, as vezes, estivesse armado com uma faca. Um retrato falado foi divulgado e os investigadores reconheceram o homem das medidas, Albert DeSalvo. Ele foi detido e preso. E a polícia estimou que DeSalvou violentou centenas de mulheres como o homem de verde.

Uma de suas vítimas contou à polícia que depois que foi violentada por Albert, ela disse que não conseguiria se soltar, então Albert foi até a cama, afrouxou o que havia sido usado para imobiliza-la e foi embora. Outra característica de DeSalvo era que, logo após o estupro, ele acariciava suas vítimas, as beijava e se desculpava com elas, procurando se reafirmar. Ele queria se assegurar de que seu desempenho sexual era bom.

Albert DeSalvo ficou internado no Hospital Bridgewater até ser considerado apto para ir a julgamento. Então, DeSalvo fez uma revelação impressionante: ele era o Estrangulador de Boston.

Seu advogado conseguiu que DeSalvo fosse encaminhado para um famoso hipnoterapeuta, quando o policial Delaney ouviu a confissão teve certeza de que Albert era o Estrangulador de Boston. Segundo ele, a confissão de Albert era precisa e cheia de detalhes. As autoridades faziam inúmeras perguntas a DeSalvo sobre cada crime do Estrangulador de Boston e pediam para ele relatar exatamente o que havia acontecido. Isso durou por muitos dias, e DeSalvo descreveu cada apartamento, desenhou alguns, citou os entalhes na cabeceira presente em um dos quartos, foi capaz de dizer exatamente o que tinha na cômoda da vítima ou dentro das gavetas. Mas o mais importante foi a confissão de um crime que nunca havia sido registrado, de uma senhora que morreu de medo (literalmente) nos braços de Albert, na época dos primeiros estrangulamentos.
DeSalvo também relatou como ele conseguia entrar nos apartamentos mesmo no auge do terror que assolava Boston. Mas não havia nenhuma prova concreta que ligasse Albert DeSalvo aos crimes.

Em 1967 DeSalvo foi considerado culpado das dez acusações de agressão sexual e assalto a mão armada e condenado a prisão perpetua, mas ele jamais foi julgado pelos estrangulamentos e assassinatos.

Porém, seu irmão Richard DeSalvo, afirma que seu irmão Albert é inocente.
Ele afirma que o irmão confessou os crimes do Estrangulador de Boston por dinheiro. Na época havia uma recompensa de 10 mil dólares para quem capturasse ou soubesse algo sobre quem era o Estrangulador de Boston.

Richard descreve o irmão como um simples vigarista que foi passado para trás.
Em Novembro de 1973 durante um telefone o irmão disse que tinha uma revelação bombástica a fazer. Segundo Richard, Albert disse o seguinte: “cabeças vão rolar quando souberem disso.” Essa confissão aconteceu de um telefonema dentro da prisão, Albert não tinha ideia de que lá dentro sabiam de tudo.
Infelizmente o mundo não chegou a saber qual era a grande revelação de DeSalvo pois no dia seguinte ele havia sido morto.

Telefonaram para seu irmão Richard e disseram que ele havia sido assassinado.
DeSalvo foi encontrado esfaqueado em sua cela, os responsáveis nunca foram punidos.

Mas seu irmão não era o único que acreditava na inocência de DeSalvo, Susan Kelly teve um argumento convincente a respeito do caso. Segundo ela, Albert tinha um rosto memorável, especialmente por causa de seu nariz. O Estrangulador chegou a ser visto por um número razoável de testemunhas oculares e uma dessas testemunhas era Kenneth Rowe, que morava um andar acima da vítima Joann Graff. Kenneth afirmou que falou com um homem estranho que procurava o apartamento de Joann no dia de seu assassinato, ao lhe mostrarem uma foto de DeSalvo, ele não reconheceu como o homem misterioso com quem havia falado.

Kelly também aponta sobre três bitucas de cigarro encontradas no cinzeiro ao lado da cama de Mary Sullivan. Não era a marca que Marry e suas colegas de quarto fumavam e Albert DeSalvo não fumava.

Quinta-feira, 13 de Outubro de 2001, James Starrs afirma durante uma coletiva de imprensa: "Nós encontramos evidências e as provas não é e não podem ser associadas com Albert DeSalvo".


"Albert DeSalvo foi o que? Um assassino nato, um produto do meio ou um aproveitador enganado que não teve nada a ver com a pior onda de crimes ocorrida em Boston?"





- Ana Carolina Oliveira.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

1:26 p.m.

E ela pensou em colocar uma gargantilha, rasgar suas calças, vestir meias coloridas com sandálias e sair por aí, rindo à toa.
Pensou em acender um baseado e pintar sua viagem em uma tela.
Pensou em vestir uma saia rodada e dançar Jefferson Airplane com um vinho na mão e um cigarro na boca.
Pensou em sair correndo de bicicleta, nua, gritando sua canção favorita pelos quarteirões.
Pensou em cortar suas longas madeixas loiras sem remorso algum.
Pensou em fotografar cada sarda de teu fino rosto.
Pensou tanto em tantas coisas e por fim parou de pensar.

Foi fazer.

Foi viver.





- Ana Carolina Oliveira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

1:41 p.m.

Não aceitei o conformismo imposto sobre a vida. Espírito agitado e louco, espírito livre.
Cansado de esperar por liberdade. Triste vida de cidade grande seguindo a mesma rotina: trabalho e estudo, tudo girando em torno de dinheiro.
Perdido em minhas coisas encontrei um livro antigo, com páginas amareladas e algo nele me chamou atenção e peguei para ler um pouco e notei o quão magnífico era a história contada naquelas folhas antigas.
No início da leitura me questionei: “por que esse livro me chamou atenção só agora? Tanto tempo perdido no meio de minha bagunça...”
Ao final do livro percebi que ele foi a chave para minha consciência, para minha liberdade.
Através dele descobri que não precisava esperar que outras pessoas me libertassem, que eu era o único com poder o suficiente para isso.
E vi que descobrir aquele simples livro naquele momento era meu destino. Se eu o tivesse descoberto antes não teria o mesmo significado para mim. Eu precisava dele naquele momento. Nem um minuto antes e nem um minuto depois.
Num impulso decidi ir embora, fazer tudo que eu queria fazer. Ver o mundo, conhecer pessoas, conhecer lugares, conhecer cultura, conhecer amor.
Fiz as malas e peguei só o essencial. Sem despedidas e sem choro. Subi naquele ônibus e minha primeira parada foi o paraíso brasileiro dos loucos: São Tomé das Letras – MG.
Parado em frente a pousada respirei o doce ar da liberdade. Era como a realização de um sonho.
Descansei da viagem e saí para explorar. Era como um mundo totalmente distante. Tão diferente. Uma grande loucura.
Em cada ponto da cidade se encontrava diferentes estilos. Pessoas alegres vivendo livres.
A lua banhava a praça e as moças sorridentes dançavam, bebiam e riam, felizes.
Ao cair da madrugada na pirâmide experiências psicodélicas e notas calmas saíam do violão, todos em silêncio e o corpo sendo abraçado pela música.
Pela primeira vez na vida senti que estava no lugar certo.
Com o passar dos dias senti um pesar no peito, uma saudade. Não de casa, mas de pessoas que eu havia deixado para trás. Mas naquele momento minha felicidade se sobrepunha na saudade.
A ignorei por semanas. Mas ela voltou a pesar, e acabou se sobrepondo em minha felicidade e eu percebi que era hora de voltar para casa e fazer algo que deveria ter feito desde o início: me despedir. Eu devia isso há algumas pessoas e não seria totalmente livre se não o fizesse.
Então notei que somos livres a partir do momento em que abandonamos nossas memórias. Com elas sempre seremos aprisionados a algo.

E eu queria a liberdade.






- Ana Carolina Oliveira.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

1:51 p.m.

Amor à primeira vista e agora agrava em mim o sofrimento que é não tê-la.
Amava gatos, o cheiro de terra molhada e a fumaça do café se entrelaçando com a fumaça do cigarro, mas não amava a mim. E eu a amava, mais que tudo, mais do que amava a mim mesmo.
Ela era fogo e eu reconhecia isso. Não poderia mudar a essência presente na alma desta garota, visto que era o que mais amava nela.
Eu amava tanto tua fúria e tua inocência que viveria uma eternidade de amores não correspondidos, apenas para vê-los queimando.

Um amargo ama-la e não tê-la em meus braços. Mas suportaria isso. Talvez esse seja meu inferno.





- Ana Carolina Oliveira.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Heartbreaker.

Annie de volta a cidade, mal pude acreditar.

10 longos anos tentando esquecê-la, transformando todo meu amor em ódio, acreditando que jamais a veria novamente.
A notícia se espalhou e logo todos vinham me perguntar como eu me sentia. Só conseguia sentir raiva, depois que ela se foi e despedaçou meu coração fiquei sozinho e triste por tanto tempo. Vi pessoas chorando, pessoas morrendo por dores causadas pelo amor, mas eu continuei caminhando.

Andando nas ruas e pensando sobre o passado a vejo parada, fumando um cigarro, seu estilo era novo, mas seu rosto o mesmo, mas um sorriso diferente havia em seu olhar, mas continuava com o mesmo ar de sarcasmo e superioridade. Ela tinha um poder tão grande sobre os homens e sabia muito bem disso.
Com um sorriso largo no rosto ela me cumprimentou e me convidou para ir a um bar próximo.

Algumas doses de uísque depois, perguntei a ela se poderia me esclarecer a maneira que me chamava pelo nome de outros rapazes enquanto fazíamos amor. Uma gargalhada ecoou pelo salão e eu vi que, realmente, ela não havia mudado. Irritado, levantei e comecei a gritar, dizendo o quanto ela abusou do meu amor e, finalmente, consegui dizer em voz alta: "Despedaçadora de corações, vá embora! E leve sua maldade com você."
Parada, apenas tragando o cigarro, não recebi uma resposta direta dela, mas sabia que isso a tinha ofendido.

E naquele momento a superei, para sempre! Adeus, Annie, despedaçadora de corações.




(Texto baseado na música Heartbreaker - Led Zeppelin)



- Ana Carolina Oliveira.